quinta-feira, 27 de maio de 2021

Tapajônica

 

A ORIGEM DA ARTE TAPAJÔNICA

Essa manifestação artística descende diretamente da grande tribo indígena Tapajós, que habitava a maior parte da região do Amazonas mesmo após a chegada do Europeu branco.

Essa tribo situava-se a beira da cidade de Santarém, no Pará, nas adjacências do Rio Tapajós. Por essa razão a arte tapajônica também é conhecida como Cerâmica de Santarém.

O motivo de se especificar a cerâmica é porque os vasos e estatuetas produzidos pela tribo foram os únicos vestígios que sobraram para a posteridade sobre a sua cultura, já que a população indígena foi dizimada pelo homem dito civilizado em seu projeto de “civilização” e cristianismo (e, pelo visto, no panorama atual brasileiro, a faceta mais negra do segmento religioso retornou da latrina da história para terminar o serviço), o que não excluiu os Tapajós.

O começo de sua queda se deu em 1542, primeiro registro de interação entre homem branco e índios Tapajós na região, em decorrência de expedição de reconhecimento promovida por Francisco Orellana no local em que veio a se formar a povoação de Santarém; expedição na qual integrava Frei Gaspar de Carvajal, monge dominicano que registrou o acontecimento em suas anotações.

Está ligado a história da formação de Santarém o conflito entre índios e brancos e naturalmente disputa entre arco e flecha contra armas de fogo não é bem uma disputa, mas um massacre, massacre que reduziu os povos Tabajós a breves lembranças de existência por meio de seus belos vasos de cerâmica.

AS CARACTERÍSTICAS DA ARTE TAPAJÔNICA

Fica claro as habilidades artesanais dos Tapajós ao conferir as peças. Não se trata de versões extremamente rústicas, simples, sem qualquer tipo de personalidade. São vasos e estatuetas que carregam vários detalhes e que contêm muita imaginação na decoração. Tais características sugerem para arqueólogos que os Tapajós sejam descendentes dos Maias e dos Incas.

Em testes realizados nos EUA, descobriu-se que algumas das peças de arte tapajônica que ficou por séculos soterrada, ignorada da civilização moderna, datam de mais de seis mil anos.

A arte tapajônica se caracteriza pelo zoomorfismo em seus vasos e estatuetas, isto é, são peças que apresentam a forma de um animal. Geralmente os animais da fauna existente nas cercanias eram os alvos de inspiração dos índios. Os que mais eram retratados eram os jacarés e as onças-pintadas. Acresce que nos bojos esféricos desse tipo de vaso identificam-se também representações de rostos humanos.

Mas além da zooforma, outro aspecto marcante da arte tapajônica é o grau de detalhismo das peças, que remetem ao estilo barroco e de arte chinesa antiga.

Mas nem todas as peças tinham o formato de um animal. Uma variante são os vasos de Cariátides.

Trata-se de vasos cujos pratos são suportados por três figuras, que podem ser femininas ou sacerdotes sob efeito de alucinógenos. É comum o aplique de animais modelados a mão para fazer adornos em volta da peça.

Uma característica distintiva da arte tapajônica em relação a arte marajoara, por exemplo, é o realismo da imagem de seres humanos e animais, são mais fieis aos traços respectivos.

A cerâmica da arte tapajônica era produzida por meio de argila e cauxixi, uma espécie de esponja de rio. O resultado da mistura é um material consistente, duro, porém leve.

Usavam-se objetos de cerâmica para atividades do cotidiano, mas também para rituais religiosos, o que merecerá maior aprofundamento a seguir.

Mas antes não podemos deixar de comentar um artigo muito famoso da arte tapajônica, os:

MUIRAQUITÃS

São pequenas peças, de barro ou de pedra, em forma de sapo, e eram produzidas nas cores amarelo, preto, cinza, vermelho ou na mais popular ou corriqueira: verde. Os muiraquitãs eram usados como amuletos pelas índias que acreditavam que o artigo podia evitar doenças e infertilidade.

Tal crença ganhou terreno ao longo do Baixo Amazonas chegando até o Caribe. No século XVIII, os muiraquitãs alcançaram o continente europeu, sendo vendido como um amuleto para evitar epilepsia e cálculos renais. Hoje essas peças são consideradas raras e vendidas por preços astronômicos em leilões do velho mundo quando ocorrem de dar o ar da graça.

OS RITUAIS

Muitos dos vasos produzidos na arte tapajônica tinham como utilidade servir de recipiente de substâncias especiais em rituais religiosos. Alguns desses rituais cabiam somente aos sacerdotes provarem de bebidas alucinógenas como o ayahuasca, mas havia outros em que eram misturadas junto a fermentações de milho e arroz bravo  as cinzas de pessoas falecidas nos vasos, normalmente parentes, cabendo aos familiares consumirem a bebida peculiar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A arte tapajônica só veio a despertar interesse a partir do século XIX, sendo comercializada maciçamente por colecionadores brasileiros e do exterior, o que explica o porquê de ser encontrada somente em coleções particulares e museus espalhados pelo mundo.

Os artigos de cerâmica são os únicos vestígios da arte tapajônica e da cultura como um todo dos povos Tapajós, dizimados pelo conflito com o branco europeu pela disputa de terras.

As principais características da arte tapajônica são os vasos em forma de animais e com rostos humanos, com maior fidelidade de traços do o que da arte Marajoara, por exemplo, vasos com pratos suportados por tríade de figuras humanas, mulheres ou sacerdotes, adornados por animais modelados a mão, todos com detalhamentos rebuscados que evocam o estilo barroco e chinês, revelando habilidade artesã, o que sugere que sejam descendentes de povos com tal característica, os Incas e Maias.

Os muiraquitãs são peças em forma de sapos que eram utilizadas pelas índias como amuleto contra doenças e infertilidade.




Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=qWKfWSKwnuE

https://artout.com.br/arte-tapajonica/

Marajoara

Conheça esta civilização que floresceu cerca de 400 d.C, no atual Brasil


A cultura marajoara ocupou parte do território brasileiro que hoje corresponde à Amazônia. A civilização marajoara atingiu um nível elevado de complexidade como testemunham os vestígios arqueológicos encontrados.

Porque desapareceu muito antes da chegada dos portugueses ao Brasil? Apenas temos especulações para responder a esta questão. Mas sabemos sim que as formas e padrões encontrados nos vestígios de cerâmica marajoara de cerca de 400 d.C são hoje fonte de inspiração dos artesãos da região. 

Porque o património cultural também se salvaguarda pela inspiração e criação artística...


O que foi a cultura marajoara

Você provavelmente já ouviu falar dos Incas, Maias e Astecas. Essas civilizações são chamadas pré-colombianas, uma divisão que inclui tudo que aconteceu no continente americano desde o Paleolítico até a chegada dos europeus, no século 15.

A cultura Marajoara, que ocupou parte do território brasileiro que hoje corresponde à Amazônia, também faz parte da era pré-colombiana.

Espere, você nunca ouviu falar nesse povo?

É normal. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, os marajoaras já haviam desaparecido cerca de duzentos anos antes. A civilização marajoara floresceu por volta do ano 400 d.C, mas há indicações da atividade humana na região desde o ano 1000 a.C. Outras civilizações também ocuparam o território que mais tarde viria a se chamar Brasil a partir de 1500, mas de todas, a cultura Marajoara foi a que atingiu um maior nível de complexidade, muito mais do que muitas pessoas simplesmente vivendo juntas.

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Urna funerária antropomórfica, 1000-1250, Museu Americano de História Natural

A civilização marajoara

O povo Marajoara recebeu esse nome por causa da atual ilha de Marajó, onde viveram, atingindo um número aproximado de cem mil pessoas durante a quarta fase da ocupação da ilha. Alguns estudos arqueológicos propõem que esta civilização começou com um grupo originário dos Andes, enquanto outros afirmam que ela se originou na própria ilha.

De qualquer forma, a cultura Marajoara desenvolveu-se de maneira muito complexa. Eles eram qualificados especialmente na agricultura - afinal, alimentar 100.000 pessoas caçando e pescando não parece ser uma tarefa para amadores…

Outra característica interessante do povo Marajoara é que eles criaram colinas artificiais, ou usaram formações montanhosas existentes, para construir suas casas, e assim, evitar qualquer inundação.

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Figura fálica, 400-1400, Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A arte marajoara

Já a arte marajoara é composta principalmente por artefatos de cerâmica, trabalhados de maneira cuidadosa e extremamente detalhada. Os primeiros artefatos foram descobertos em 1871 e desde então têm sido vistos como prova da sofisticação da cultura marajoara.

Conheça alguns destes artefactos.

Seus objetos eram funcionais e decorativos, e há um pouco de tudo: potes, vasos, urnas funerárias, brinquedos e até pequenas tangas, como as da imagem abaixo. Feitas de barro, as peças eram então decoradas com desenhos de cobras ou outros animais. Também foram produzidos cestos de palha, jóias e ferramentas.

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Tangas de cerâmica, 400-1400, Coleção de Arqueologia Brasileira do Museu Nacional/UFRJ

Algumas urnas funerárias também foram encontradas, o que ajudou os estudiosos a compreender as tradições funerárias dos Marajoara. A carne de uma pessoa era removida dos ossos e os restos eram depositados dentro da urna.

O pesquisador suíço Emilio Goeldi é um dos principais responsáveis pela catalogação das obras de cerâmica encontradas na região de Marajoara.

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Vaso funerário, 400-1400, The Collection of H. Law

Cultura marajoara | o que se perdeu e o que subsiste

Atualmente, a cultura Marajoara é uma inspiração para os artesãos que vivem na região.

Inspirados nos gráficos e nos motivos geométricos deixados pelos ancestrais, fabricam vasos e outros objetos cerâmicos, num processo quase todo artesanal. Em algumas aldeias, a economia da comunidade depende dessa produção.

Pode ver a importância desta produção artesanal de cerâmica marajoara na reportagem seguinte.

Infelizmente, muitas peças foram perdidas, tanto pela falta de cuidado de algumas pessoas que as encontraram quanto pela passagem do tempo. Em 2018, um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, reduzindo à cinzas grande parte desses artefatos que estavam sob a salvaguarda da instituição.

Não se sabe exatamente como o Marajoara chegou ao fim de sua civilização. Estudos sugerem que eles simplesmente deixaram a ilha por volta de 1300, muito antes da chegada dos colonos europeus em 1500. Mas por quê? Por enquanto, restam apenas especulações.






Referências:
https://www.youtube.com/watch?v=olGhmbvS6hA&t=2s
https://citaliarestauro.com/cultura-marajoara-brasil/




Amazônia Antiga

 

A Amazônia brasileira tem uma história de ocupação humana de mais de há 10 mil anos. O arqueólogo Silvio Luiz Cordeiro viajou ao norte do país para encontrar os vestígios desse passado distante. O resultado é o documentário "Antiga Amazônia Presente".



Para refletir:

Quais são as duas culturas identificadas na antiga Amazônia?




Referência:

https://www.youtube.com/watch?v=IJaVbtrjWBM


Caça-Palavras

  😉 Vamos tentar?