Este blog está voltado para a área de História como espaço para realização de pesquisas e compartilhamento de ideias a serem realizadas por estudantes a partir do 5º ano do Ensino Fundamental I, em que se pode explorar a relação entre modos de vida nômade e sedentário e o espaço geográfico, entendendo como este contribuiu para o surgimento das primeiras culturas sedentárias no continente que hoje conhecemos como América.
Um nômade é uma pessoa
que está sempre se mudando de um local para outro. Muito tempo atrás, antes do
desenvolvimento da agricultura e
das cidades,
muitos povos eram nômades. Eles se deslocavam de uma região a outra em busca de
alimentos para si ou para seus animais. Com o passar do tempo, o número de
nômades foi decrescendo. Algumas pessoas, no entanto, ainda têm estilo de vida
nômade, isto é, não ficam morando num mesmo lugar por muito tempo.
Existem três tipos
genéricos de nômades: os caçadores-coletores, os pastores e os
mercadores-artesãos. Os primeiros se deslocam à procura de animais para caçar e
de plantas silvestres para colher. Na América, muitos índios eram
caçadores-coletores antes de os europeus dominarem suas terras. Atualmente
existem alguns bosquímanos, no sul da África,
que são caçadores-coletores.
Os pastores nômades
viajam para encontrar terras em que seus animais possam pastar. Alguns povos da Ásia central,
da Sibéria, da península Arábica e
do norte da África são pastores nômades. Os cazaques, povo do Cazaquistão,
país da Ásia central, criam cavalos, ovelhas, gado, cabras e camelos, e
alguns deles percorrem centenas de quilômetros, fugindo do inverno de sua terra
natal, no sul, para aproveitar o verão dos pastos do norte. Os beduínos são os
pastores nômades da península Arábica.
Os nômades
mercadores-artesãos viajam vendendo produtos ou prestando serviços. Os nômades
da Índia e
do Paquistão,
por exemplo, vão de cidade em cidade vendendo cestos feitos à mão e outros
produtos. Os ciganos eram
nômades desse tipo; hoje, contudo, muitos deles vivem em lugares fixos.
Serra da Capivara, Piauí:
pinturas rupestres, turismo e segredos milenares
Conheça a história da Serra
da Capivara, um paraíso que fica no sudeste do Piauí. Veja as famosas pinturas
rupestres, uma entrevista exclusiva com a arqueóloga Niède Guidón e saiba como
as descobertas feitas no Parque Nacional Serra da Capivara mudaram a principal
teoria de ocupação humana nas Américas. Você sabia que, segundo a Niède Guidón,
o ser humano vive no sertão do Piauí há mais de 100 mil anos? Ela explica isso
no vídeo!
A equipe de pesquisadores passou cinco
dias na Serra da Capivara e visitou sítios arqueológicos incríveis, como o
Boqueirão da Pedra Furada, e também o Museu da Natureza e o Museu do Homem
Americano. Foram entrevistados moradores locais e investigamos os segredos milenares
da região.
Este é o primeiro vídeo do
projeto Origens BR, uma série de reportagens por quase uma centena de sítios
arqueológicos no país. Neles, recontamos a história dos vários povos que
habitaram o atual território brasileiro por milênios, bem antes da chegada dos
conquistadores portugueses.
Quando falamos emtecnologiaa primeira coisa que nos vem em mente certamente são os avanços tecnológicos do nosso presente: robôs, computadores, máquinas. No entanto, a palavra se refere a toda e qualquer técnica que tenha se desenvolvido graças a atividade humana. Proposital, sistemática e utilizada para um determinado fim, as técnicas desenvolvidas napré-históriavão desde o domínio do fogo à invenção da roda e até mesmo àfundiçãodemetais, que possibilitaram a sobrevivência dos homens naTerra.
Os homens e as mulheres pré-históricos podem não ter dominado a escrita. Porém, elaboraram e confeccionaram ferramentas das mais diversas a partir dos materiais disponíveis na natureza. Transformar um elemento da natureza em outra coisa e dar a ela outra utilidade foi atividade comum das sociedades anteriores à invenção da escrita.
Uma das primeiras técnicas desenvolvidas foi a atividade de lascar pedras umas nas outras a fim de formar uma ponta pontiaguda, que serviria para a caça e para o manuseio de alimentos. Foi lascando pedras que o homem descobriu o fogo, uma das tecnologias mais importantes da humanidade até hoje. A partir dele, descoberto no período que chamamos de paleolítico, muita coisa mudou: além da possibilidade de se fazer fogueiras para aquecer o grupo, o cozimento de alimentos proporcionou uma maior sobrevivência, com consequente aumento demográfico. A partir dele também foi possível, muito tempo após a sua descoberta, fundir metais para a produção de novos objetos uteis para o cotidiano e sobrevivência dos grupos humanos.
Pontas de lanças feitas de pedra há milhares de anos. Foto: Juan Aunion / Shutterstock.com
A transição do período paleolítico para o neolítico foi marcada pelo que se costuma chamar de Revolução Neolítica. Ela foi marcada não só pelo início do processo de sedentarização dos grupos humanos, que a partir do domínio da terra e da agricultura conseguiram se fixar em um único local produzindo não só a alimentação necessária para determinado momento como também o necessário para guardar e manter o grupo vivo, sem precisar de deslocamento para se alimentar. Para além disso o período foi marcado pelo desenvolvimento de uma nova tecnologia: a metalurgia. A partir do desenvolvimento de uma liga metálica em que se fundiam cobre e estanho, diversas ferramentas e utensílios foram produzidos.
Pode-se considerar também a agricultura como uma das técnicas desenvolvidas pelos homens e mulheres pré-históricos. Semear, plantar, irrigar, colher e produzir o alimento foram processos que dependeram não só da ação da natureza como também da inteligência humana. Somente com o domínio das técnicas de cultivo e colheita é que foi possível viver de forma sedentária, sem correr os riscos inerentes às atividades de caça e coleta.
Neste sentido a arte rupestre pode ser considerada uma forma de técnica: o desenvolvimento de uma linguagem de comunicação últil para determinado grupo e as técnicas de representação daquela realidade, bem como os materiais utilizados para tal fim podem enquadrar a arte rupestre como uma forma de tecnologia.
Imagina-se que outra tecnologia fundamental para o desenvolvimento das sociedades humanas tenha sido produzida durante o período pré-histórico: a roda. Entretanto, as pesquisas arqueológicas encontraram rastros de sua existência apenas há 3.000 anos a.C., na sociedade mesopotâmica.
Ilustração mostra a evolução da roda ao longo da história da humanidade. Fonte: James Steidl / Shutterstock.com
Embora relacionemos diretamente a tecnologia ao presente é preciso lembrar que as sociedades humanas só puderam se desenvolver, construir cidades, desenvolver códigos numéricos e de escrita a partir da transformação de elementos da natureza em ferramentas e materiais úteis para a sobrevivência humana.
Dezenas de milhares de anos atrás, na pré-história, na idade da pedra, quando muitos seres humanos moravam em cavernas do paleolítico, nós encontramos outra espécie humana, os neandertais, os seres vivos com a genética, o DNA mais próximo de nós. Porém depois do encontro das duas espécies, do homem de neandertal parece que começou a desaparecer. As suas populações diminuíram e até serem extintos. Deixando o planeta terra e o universo para apenas um tipo de humanidade. Hoje veremos o que causou essa extinção.
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Apresentação, Pesquisa e Roteiro: Davi Calazans
Edição: Rodrigo Fernandes
Co-roteirista: Vinícius Penteado
Novas evidências sugerem que o Homo sapiens chegou ao continente
americano 30 mil anos atrás — muito antes do que se imaginava
Novas evidências arqueológicas estão reescrevendo a história do povoamento das Américas. Dois estudos publicados nesta semana na revista Nature sugerem que os primeiros seres humanos chegaram ao continente americano 30 mil anos atrás, muito antes do que se imaginava. Se estiverem corretos, eles refutam em definitivo a teoria predominante das últimas décadas — de que o homem só chegou às Américas 15 mil anos atrás — e lançam novas luzes sobre os sítios arqueológicos da América do Sul — entre eles, os da Serra da Capivara, no Brasil — que sempre indicaram datas mais antigas para a presença do homem no continente, mas eram visto com desdém por muitos pesquisadores, justamente por contradizer a teoria dominante da época. Um dos estudos, com participação de três pesquisadores da USP, descreve uma série de descobertas feitas na Caverna Chiquihuite, a quase 3 mil metros de altitude, numa região árida e remota do norte do México. Soterradas pelo tempo no chão da caverna, os cientistas encontraram quase 2 mil ferramentas de pedra, além de ossos de animais e restos de carvão, pólen e plantas. A datação dos artefatos e dos sedimentos nos quais eles foram encontrados indica que seres humanos já estavam presentes no local entre 31 mil e 33 mil anos atrás. Isso significa que o homem adentrou o continente antes do Último Máximo Glacial, ocorrido entre 27 mil e 19 mil anos atrás — quando grande parte do Hemisfério Norte estava coberta por um espesso manto de gelo —, e não apenas ao final dele, como se pensava.
Nome e idade de sítios arqueológicos anteriores a 13 mil anos Fonte: Adaptado de Ruth Gruhn/Nature 2020
“Talvez tenha sido até mais fácil as pessoas chegarem 30 mil anos atrás do que 20 mil anos atrás”, diz a arqueóloga Jennifer Watling, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, que participou do estudo e conversou com o podcast Ciência USP sobre o tema. Antes do máximo glacial, segundo ela, houve um período de temperaturas mais amenas, e com menos gelo, que teria possibilitado a travessia da Beríngia — a ponte de terra firme formada temporariamente entra a Sibéria e o Alasca por causa do rebaixamento do nível do mar naquele período. As datações incluídas no trabalho para sustentar essas conclusões foram feitas por diferentes técnicas, sobre diferentes materiais, e são “bastante robustas”, garante Jennifer. Ela é especialista em análise de fitólitos (partículas de sílica que se formam no interior das plantas e ficam preservadas no solo depois que elas morrem) e colabora desde 2012 com o pesquisador que liderou as escavações em Chiquihuite, o arqueólogo Ciprian Ardelean, da Universidade Autônoma de Zacatecas, no México. Também assinam o estudo o professor Paulo Eduardo de Oliveira, do Instituto de Geociências (IGc) da USP, e sua aluna de doutorado Vanda Medeiros, que também participaram das análises de pólen e fitólitos encontrados na caverna — permitindo identificar as espécies de plantas que ocorriam na região e, talvez, tenham servido de alimento para os humanos pré-históricos que ali viviam. “As evidências do trabalho são, a meu ver, inquestionáveis”, diz o antropólogo Walter Neves, do Instituto de Biociências (IB) da USP, especialista em evolução e migrações humanas. “Agora estou finalmente convencido de que, de fato, havia hominídeos vivendo na América há pelo menos 30 mil anos. É um grande apoio para o meu modelo.”
Pesquisadores escavam sedimentos na Caverna de Chiquihuite, no México Foto: Devlin Gandy
Osegundo estudo na Nature, realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, analisa dados cronométricos de 42 sítios arqueológicos da América do Norte e da Sibéria, integrados a dados paleoclimáticos e de genética populacional, para construir um modelo teórico de dispersão da espécie humana pela região. A conclusão é basicamente a mesma do estudo de Chiquihuite: que os seres humanos já estavam presentes no continente americano “antes, durante e depois” do Último Máximo Glacial; apesar de o povoamento mais intenso só ter se iniciado por volta de 13 mil anos atrás.
Clóvis Primeiro? A teoria predominante até agora era de que os primeiros viajantes do continente asiático só teriam atravessado a Beríngia a partir de 15 mil anos atrás, quando as massas de gelo deixadas no caminho pelo Último Máximo Glacial já haviam recuado o suficiente para formar um corredor migratório da Sibéria até as planícies americanas — onde esses primeiros migrantes se encontraram com mamutes, tigres-dentes-de-sabre e outros animais icônicos da chamada Era do Gelo, que acabaram extintos. Esses primeiros migrantes desenvolveram ferramentas de pedra lascada características da chamada “cultura Clóvis”, que aparecem amplamente nos registros arqueológicos da América do Norte a partir de 13 mil anos atrás. Por isso essa data era tida como referência para o povoamento em massa do continente, na teoria que ficou conhecida pelo nome em inglês “Clovis First” (Clóvis Primeiro, em tradução literal), que prevaleceu nos estudos sobre o povoamento das Américas durante a maior parte do século 20. Desde a década de 1970, porém, pesquisadores vêm encontrando vestígios de ocupação humana mais antigos do que isso em diversas partes do continente americano. Só que essas evidências sempre foram vistas com ceticismo — ou até ignoradas — por grande parte da comunidade científica (especialmente nos Estados Unidos), por não se encaixarem na cronologia fundamental do modelo Clóvis. E não há dúvida de que os achados desses novos estudos, também, serão minuciosamente escrutinados e questionados pela comunidade científica da área.
Serra da Capivara – Foto: Leonardo Ramos
Uma dessas fontes de “evidências discordantes” é a Serra da Capivara, no Piauí, que abriga diversos vestígios arqueológicos (incluindo ferramentas líticas) com mais de 20 mil anos de idade, segundo pesquisadores brasileiros e franceses que há décadas trabalham no local — entre eles, a icônica arqueóloga Niède Guidon. Outros sítios importantes na América do Sul são o de Santa Elina, em Mato Grosso (datado em 23 mil anos), e o de Monte Verde, no Chile (com mais de 15 mil anos). Essas datações sempre foram muito contestadas, pois a ideia era de que, se o homem só havia chegado à América do Norte 13 mil anos atrás, não poderia haver pessoas na América do Sul antes disso. Muito menos, vários milhares de anos antes. O estudo da Caverna Chiquihuite, porém, propõe uma nova cronologia na qual essas datações mais antigas — que antes pareciam aberrações — se encaixam perfeitamente. Afinal, se o homem entrou na América do Norte 30 mil anos atrás, é perfeitamente factível, também, que ele tenha chegado à América do Sul 10 mil ou 15 mil anos depois. “Os seis sítios arqueológicos brasileiros datados com mais de 20 mil anos (…), apesar de terem sido escavados e analisados com expertise, são frequentemente contestados, ou simplesmente ignorados, pela maioria dos arqueólogos, como se fossem antigos demais para serem verdade”, diz a antropóloga Ruth Gruhn, da Universidade de Alberta, no Canadá, em um artigo que acompanha os estudos na Nature. “As descobertas na Caverna Chiquihuite deverão trazer novas considerações sobre esse assunto.” Para Ruth, diante de tantas evidências, ao norte e ao sul do continente, chegou a hora de “descartar” em definitivo o modelo “Clovis First”. “Acho que é prego no caixão”, concorda o pesquisador André Strauss, coordenador do Laboratório de Arqueologia e Antropologia Ambiental e Evolutiva do MAE-USP. Outra narrativa contemplada pelos pesquisadores é que a migração da Ásia para a América tenha ocorrido pela antiga costa da Beríngia, e não necessariamente pelo interior do continente. O problema é que essa rota, atualmente, está completamente debaixo d’água, submergida pela elevação do nível do mar que se seguiu ao derretimento do gelo. Política de uso
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.
. Como terá acontecido a transição da vida nômade para o sedentarismo na Amazônia? Para responder a esta e a outras perguntas sobre os modos de vida das antigas populações indígenas, arqueólogos estão investigando, em parceria com pesquisadores do Instituto Mamirauá, a mudança nas formas de habitar a Amazônia durante o primeiro milênio antes de Cristo. A pesquisadora Márjorie Lima, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, compõe o grupo.
Em abril, foi realizada atividade de campo em uma área da Reserva Amanã, no Amazonas, para coleta de informações com os moradores de comunidades ribeirinhas e análise das áreas onde será feita uma escavação arqueológica, programada para o segundo semestre deste ano.
“Arqueologicamente sabemos que durante um período antigo as pessoas se mudavam com maior frequência, não moravam em um único lugar por muito tempo. A partir desse período vemos que em algumas regiões isso começa a mudar e as pessoas começam a morar por mais tempo em uma área. Elas tornam-se então mais sedentárias e, em alguns casos, começam a formar os solos de terra preta”, comenta Márjorie.
A pesquisadora explica que este período é caracterizado como cultura ou tradição Pocó-Açutuba e, até 2005, pensava-se que só ocorria na região do Pará, onde foi conhecida na década de 1980 pelos arqueólogos alemães Peter e Paul Hilbert. A partir desta data, foram identificadas cerâmicas semelhantes, a partir de estudos arqueológicos, também no Amazonas, próximo ao encontro dos rios Negro e Solimões e posteriormente, em 2008, na região da Reserva Amanã, localizada no município de Maraã.
“Apesar de sabermos que, nesse momento, as pessoas começaram a ocupar os lugares por maior tempo, não sabemos ao certo como isso aconteceu. Se elas formavam aldeias próximas, se ocupavam esse lugar por um tempo e depois escolhiam outro para ocupar, se ocupavam uma parte do ano (como o período de chuvas) e em outro se mudavam mais. São muitas possibilidades”, comenta a arqueóloga. De acordo com ela, os vestígios desse período são principalmente cerâmicas finas, bem elaboradas e resistentes, com presença de pintura vermelha, preta, alaranjada e amarela.
Entender o ontem para planejar o amanhã
Márjorie ressalta que muitas demandas atuais da sociedade podem ter suas soluções nos modos de vida das populações antigas. “Minha escolha por um período tão antigo da história é por ser uma forma de entender os nossos problemas atuais de ocupação e regularização de terras, de busca por recursos naturais. Essas populações antigas utilizavam vários recursos e várias fontes de forma diferente, promovendo um equilíbrio ‘sustentável’, tal qual muitas comunidades ribeirinhas fazem hoje. Quero entender melhor o passado para conseguir falar sobre o presente”, conta.
Uma informação que os arqueólogos já possuem sobre essas sociedades indígenas é o conhecimento da utilização intensiva de recursos naturais vegetais, como as castanheiras. De acordo com a pesquisadora, em estudos anteriores sobre este período, já foram encontradas grandes quantidades de castanhas em sítios arqueológicos. Esta informação pode demonstrar, por exemplo, que as populações dessas aldeias indígenas utilizavam e manejavam uma série de espécies, já que, além das castanhas, as palmeiras também têm grande frequência nos vestígios encontrados.
Descobertas sob a terra
No segundo semestre deste ano, está programada uma escavação arqueológica em um dos sítios visitados durante a viagem realizada em abril. Esta ação conta com o financiamento da Fundação Moore. Pela pesquisa, serão contempladas três áreas em comunidades localizadas no Lago Amanã e uma no Rio Japurá. A equipe de arqueólogos reúne especialistas em diferentes áreas, como análise de vestígios arqueológicos botânicos, líticos (relativos a pedras) e cerâmicos.
Além do Instituto Mamirauá e da USP, também estarão na escavação pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universitat Pompeu Fabra, de Barcelona, na Espanha. “Há um grupo de profissionais interessados na formação da paisagem antrópica [resultante da ação do homem] do sítio e seu entorno. Esse estudo terá como perguntas a configuração e formação das áreas de florestas antrópicas, aquelas florestas formadas e transformadas a partir da ação humana: a permanência, tipo e frequência dos usos de plantas no registro arqueológico, a partir da análise de restos macro e microbotânicos, como amido, sementes e carvões. Além disso, há a proposta de uma análise que contemple essas paisagens nos dias atuais, a partir das pessoas que moram nestas comunidades atualmente”, destaca Márjorie. .
. A pesquisa é o projeto de doutorado de Márjorie pelo Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do MAE, em parceria com o Instituto Mamirauá.
Para que ocorra o envolvimento desta equipe multidisciplinar de diferentes instituições, o estudo também conta com recursos financeiros da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para custeio de bolsas de estudo, além do apoio à expedição de campo pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), por meio do Departamento de Mudanças Climáticas e Gestão de Unidades de Conservação (Demuc).
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